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quinta-feira, 12 de abril de 2012

agora que amanhece



o rio sabe que é o mar ( marcos gualberto)

já posso ver o mar, agora que amanhece
e os raios de sol se refletem em suas águas 

naveguei pela noite
 tive medo, fome e frio
desci correntezas, venci cachoeiras, nadei
conduzi minha pequena canoa
acreditando que eu era o barqueiro

mas agora que vejo a imensidão do mar, eu sei
não sou o barqueiro, sou o rio

thirak sarita


segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

no espelho vazio


te vejo, cara a cara
pasmo e lento

desconheço-te  rosto
das marcas de tempo
cheio

visito as tuas dobras
e lego-te o nada
que por direito
se fez teu

depois te apago
do reflexo do espelho
que sou eu


thirak sarita

 foto de leonardo pessanha 

convite ao silêncio


assenta à minha mesa
que te recebo de sonhos
singela e pouca

beija com uma flor
o meu vestido
pesado de tempo
 e sangue

perdura
 a eternidade no teu gesto
sonha com ele
voa
como só voam os que acreditam

e depois dança comigo
com teu corpo de neblina
 e vento


thirak sarita    

imagem de http://portugalpoetico.blogspot.com                   

sexta-feira, 22 de abril de 2011



todos os caminhos levam para lá, onde as línguas se misturam sem fronteiras que demarquem, onde os opostos se anulam num campo neutro de forças, onde o branco não é nada sem o negro em contraponto, onde nem a luz existe porque o escuro se foi, onde dor e riso vão juntos na imensa paz que ficou - êxtase da suprema entrega, onde o rio mergulha no mar e nele se transforma

thirak sarita 

segunda-feira, 21 de março de 2011

em cada pausa



 entre as palavras de uma fala
 quando alguém se cala
 e o outro não responde

 quando o passado se vai
 e o futuro não chegou

 quando estou
 com um pé no chão
 e outro no ar, na caminhada

 quando parada
por um momento
olho o espelho de manhã

 quando estou só
- sem pensamento -
 e não há eu nem tu

 nos intervalos
 quando o instante fica nu


 thirak sarita




quinta-feira, 17 de março de 2011

experimenta



pegar todas as tuas lembranças
as mais caras, que te põem no colo
ou envaidecem
as mais tolas ou ridículas
aquelas que te causaram extrema dor

teu nome e sobrenome
 e tudo o mais de que és feito
até o dia de hoje

fazer um embrulho caprichado
amarrado com fita de cetim
e em dádiva a qualquer coisa que acredites
jogá-lo ao mar

de preferêcia em alto-mar
no escuro de uma noite
em que a tempestade fizer dele
um gigante furioso

e quase náufrago
nele respirar o cheiro da morte
para chorar a grande perda
do que pensavas ser
ou julgavas ter

ao amanhecer - e só então
numa leveza de novidade
serás vivo e livre
para celebrar quem realmente és


thirak sarita


segunda-feira, 14 de março de 2011

dancing-river



chego discreta, pela porta dos fundos

vazia de anseios
cheia de compaixão

eu me apresento dançando
no fluxo do rio

simplesmente rio
simplesmente eu


thirak sarita