segunda-feira, 21 de março de 2011

em cada pausa



 entre as palavras de uma fala
 quando alguém se cala
 e o outro não responde

 quando o passado se vai
 e o futuro não chegou

 quando estou
 com um pé no chão
 e outro no ar, na caminhada

 quando parada
por um momento
olho o espelho de manhã

 quando estou só
- sem pensamento -
 e não há eu nem tu

 nos intervalos
 quando o instante fica nu


 thirak sarita




quinta-feira, 17 de março de 2011

experimenta



pegar todas as tuas lembranças
as mais caras, que te põem no colo
ou envaidecem
as mais tolas ou ridículas
aquelas que te causaram extrema dor

teu nome e sobrenome
 e tudo o mais de que és feito
até o dia de hoje

fazer um embrulho caprichado
amarrado com fita de cetim
e em dádiva a qualquer coisa que acredites
jogá-lo ao mar

de preferêcia em alto-mar
no escuro de uma noite
em que a tempestade fizer dele
um gigante furioso

e quase náufrago
nele respirar o cheiro da morte
para chorar a grande perda
do que pensavas ser
ou julgavas ter

ao amanhecer - e só então
numa leveza de novidade
serás vivo e livre
para celebrar quem realmente és


thirak sarita


segunda-feira, 14 de março de 2011

dancing-river



chego discreta, pela porta dos fundos

vazia de anseios
cheia de compaixão

eu me apresento dançando
no fluxo do rio

simplesmente rio
simplesmente eu


thirak sarita